A francesa Orange e a espanhola MásMóvil anunciaram esta terça-feira ter iniciado conversações exclusivas para uma fusão das operações no mercado espanhol, de acordo com um comunicado conjunto citado nos media espanhóis. A empresa que resultar da fusão será a segunda maior telecom do país, sendo uma joint venture partilhada em partes iguais (50%/50%) pela Orange e pela MásMóvil. As duas companhias preveem ter a empresa resultante da fusão a operar em 2023.
De acordo com o Cinco Días, a nova companhia valerá 19,6 mil milhões de euros. Esta avaliação tem em conta uma avaliação da Orange Espanha de 8,1 mil milhões e uma avaliação da MásMóvil de 11,5 mil milhões, sendo que a nova empresa junta a Orange Espanha, "que quase não tem dívidas", e uma MásMóvil com uma divida a rondar os 6,6 mil milhões, devido à estratégia agressiva de aquisições nos últimos anos.
O novo operador apenas ficará atrás da gigante Telefónica, em termos de capitalização de mercado. Segundo o El Confidencial, a joint venture terá cerca de 7,5 mil milhões de euros em receita, abaixo dos 12,4 mil milhões da Telefónica Espanha. A Telefónica tem uma capitalização bolsista de 22,7 mil milhões.
Não obstante, o mesmo jornal indica que a fusão da Orange com a MásMóvil resultará num operador com 7,1 milhões de clientes de rede fixos - mais do que os 5,96 milhões da Telefónica - e teria 20,2 milhões de clientes móveis, acima dos 18,98 milhões da Telefónica. Acresce uma rede de fibra ótica que chega a mais de 16 milhões de casas e 1,5 milhões de clientes de televisão paga.
Segundo o Cinco Días, a fusão é bem vista pelo mercado de telecomunicações espanhol, devido à redução do número de operadores em Espanha, que passará assim de quatro para três.
Se as negociações chegarem a bom porto, a Orange e a MásMóvil querem ter um acordo assinado até junho deste ano, prevendo ter a joint venture fechada no segundo trimestre de 2023, segundo o comunicado de ambas as companhias. A fusão terá, ainda, de receber luz verde dos reguladores, estando a Orange e a MásMóvil a serem assessoradas pelos bancos Lazard, Goldman Sachs e BNP Paribas, respetivamente.
O anúncio desta terça-feira terminou com meses de especulação sobre o futuro do mercado telco espanhol, surgindo a novidade numa altura em que se fala de consolidação nas telecomunicações também em Portugal, Itália e Reino Unido.
Esta operação também tem implicações em Portugal, onde a MásMóvil está presente através da Nowo, adquirida em novembro de 2020. Nos últimos dois anos, a MásMóvil chegou a mostrar interesse em adquirir a operação da Vodafone Espanha, um acordo que também poderia incluir a operação portuguesa, resultando numa diminuição do número de operadores em Portugal.