Os melhores filmes do ano (e os que foram assim-assim)

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Sentar com desconhecidos numa sala escura ganhou um novo sentido em 2022, ano em que voltámos às salas de cinema para celebrar o regresso à normalidade. As receitas de bilheteira ainda não recuperaram para níveis anteriores à pandemia e o nível de produção da indústria continua abaixo em número de produções. Mas a qualidade dos filmes que este ano nos apresentou não deixa dúvidas.

É tão difícil conseguir que um guião tenha luz verde, siga para produção e consiga distribuição que qualquer título que nos aparece num ecrã é, em si mesmo, um feito notável. E a verdade é que vamos sempre a tempo de redescobrir a magia do escurinho do cinema.

Prestes a entrar na temporada de prémios em Hollywood, começando com os prémios da Associação de Críticos (Critics Choice Association) a 15 de Janeiro e terminando com os Independent Spirit Awards a 4 de Março, vale a pena olhar para o melhor que se fez este ano - e para o que foi assim-assim. Quem serão os felizes contemplados com nomeações aos Óscares? Quem serão os escolhidos pelos críticos? Eis algumas das minhas escolhas de entre os filmes que estão a conquistar nomeações, por ordem de preferência.

Desta lista, "Império da Luz" é o meu favorito e um dos melhores da carreira do realizador Sam Mendes. Debruça-se sobre a doença mental, a magia do cinema, a luta de classes e o racismo. Tem interpretações incríveis de Olivia Colman (que não consegue fazer um mau trabalho) e do neófito Micheal Ward.

A sequela de "Avatar" é uma obra de arte visual que mostra a incrível mestria de James Cameron e tem o poder de nos transportar realmente para Pandora, com uma mensagem sólida sobre o mundo natural e a noção de "descobrimentos". Ainda assim, a história segue os mesmos parâmetros do primeiro filme (mas num cenário diferente), a duração é exagerada e há muitas cenas supérfluas. Vale a pena ver, mas não me peçam para usar óculos 3D durante 3h15 minutos outra vez.

"Os Espíritos de Inisherin" estão em grande nas cotações para a temporada de prémios e as prestações de Colin Farrell e Brendan Gleeson são fenomenais, assim como a fotografia, a banda sonora e a produção global. No entanto, a narrativa é uma metáfora para acontecimentos históricos que escapam a grande parte da audiência, porque não são de conhecimento geral. É uma oportunidade perdida de fazer um encaixe contextual e dar sentido a algo que parece absurdo.

No fim da lista está "A Baleia" porque, apesar da excelente interpretação de Brendan Fraser, o filme deixa a desejar. É difícil filmar a adaptação de uma peça de teatro, com o cenário limitado a um ou dois locais, mas é também a construção dos personagens e a sua evolução (ou falta dela) durante a narrativa que deixa um sentido de insatisfação.

Uma nota também para "Ossos e Tudo": vale a pena ver para quem gostar de romances canibais e quiser descobrir as excelentes prestações de Taylor Russell e Mark Rylance (que há-de dar pesadelos a algumas pessoas). Mas é o tipo de filme em que se chega ao fim a precisar de um Kompensan.

Os melhores ★★★★★

Bons ★★★★☆

Assim-assim ★★★☆☆

Os prémios da Associação de Críticos são entregues a 15 de Janeiro. As nomeações para os Óscares serão conhecidas a 24 de Janeiro, com a cerimónia a decorrer a 12 de Março. Ou seja: há tempo para ver vários dos títulos que estão na corrida. E desejar que 2023 nos traga ainda melhor cinema.

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