A Google anunciou esta quinta-feira que o seu serviço de armazenamento Google Cloud (rival do Amazon Web Services ou do Microsoft Azure), assinou um acordo histórico que irá permitir oferecer recursos de rede e de internet da SpaceX, de Elon Musk, aos seus clientes. Os serviços são fornecidos através do projeto de internet por satélite, Starlink, e deverá garantir um serviço de internet mais rápido para os utilizadores e empresas.
Os vários centros de dados da Google Cloud espalhados pelo mundo vão agora ter instalados os terminais da SpaceX que permitem a ligação aos satélites - são cada vez mais - que vão poder circular mais perto da superfície terrestre, dando hipótese aos clientes da Starlink (o tal serviço de internet da SpaceX) de ter acesso à cloud da Google, mas aos clientes da Google de usarem a rede de internet mais rápida para os seus clientes empresariais da área cloud.
Este acordo Starlink-Google Cloud permitirá expandir capacidades que incluem transmissão segura de dados para áreas remotas do planeta e estará disponível até ao final de 2021. A primeira instalação do terminal da Starlink feita pela SpaceX será no centro da Google em Albany, no Ohio, num acordo que deve ter a duração de sete anos.
O líder de redes globais da Google, Bikash Koley, indica que a SpaceX escolheu a Google como parceira "pela qualidade de distribuição e alcance da nossa rede". Ou seja, com o serviço da SpaceX, os dispositivos que utilizam a Google Cloud "comunicam" com os satélites e, a partir daí, a rede Starlink conecta-se aos centros de dados da Google, trazendo fiabilidade e rapidez ao processo.
A Google tenta, assim, dar um passo relevante na luta que mantém na área cloud com os dois maiores gigantes na área, a Amazon e a Microsoft - também fechou um acordo com a SpaceX no ano passado. A Google Cloud foi apenas 7% das receitas da empresa no primeiro trimestre de 2021 e há o objetivo de expandir essa influência.
Não é só nos projetos para a NASA para exploração espacial na Lua e em Marte que Elon Musk (SpaceX) e Jeff Bezos (Blue Origin e Amazon) competem. A SpaceX lançou já 1625 satélites Starlink - para criar rede mundial de serviço de internet, que chega este verão a Portugal - para a órbita, e o seu programa de acesso à internet já tem mais de 10 mil clientes - há 500 mil em lista de espera.
A SpaceX quer ter cerca de 12 mil satélites até 2030. Do outro lado, a Amazon de Bezos tem o projeto Kuiper que pretende lançar para órbita 3 mil satélites para providenciar internet global e também potenciar o seu serviço cloud, Amazon Web Services, que é o líder mundial nesta altura e uma das maiores fontes de receitas da Amazon.
Na verdade, o cofundador da Google, Larry Page, é um grande amigo de Elon Musk e investidor desde quase a primeira hora em quase tudo que Musk faz. Em 2006, Page investiu do seu próprio dinheiro cerca de 40 milhões de dólares na "arriscada", na altura, Tesla - a Google chegou a ponderar comprar a empresa há seis anos.
Em 2015, a Google passou a ser investidora da SpaceX - julga-se que terá 10% após investimento conjunto de mil milhões de dólares.
Nesse mesmo ano, Larry Page dava uma entrevista - desde então os fundadores da Google deixaram de falar em público - onde admitia que via com bons olhos deixar a sua fortuna pessoal a Elon Musk, "pelas suas ideias que estão a mudar o mundo".