ANA admite novo aeroporto pronto em 2035. Governo diz que "nada a impede de acelerar prazos"

Chairman da ANA afiança que irá "fazer o que for possível" para ter Alcochete operacional antes de 2037. Governo quer a ANA a trabalhar mais depressa.
ANA admite novo aeroporto pronto em 2035. Governo diz que "nada a impede de acelerar prazos"
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A ANA Aeroportos garante que está a envidar esforços para encurtar o calendário de construção do novo aeroporto em Alcochete de forma a que a infraestrutura esteja operacional antes do prazo apresentado na proposta entregue ao Governo.

“Por mim gostava que [o novo aeroporto estivesse a funcionar] em 2035. Vamos dizer 2035/2036. Veremos se não há providências cautelares e se os ambientalistas [não vêm contestar] . Estamos a falar no cenário idílico”, afirmou esta quarta-feira, 3, José Luís Arnaut.

O chairman da gestora dos aeroportos do país, que falava num painel durante o 50º Congresso Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), a decorrer esta semana em Macau, assumiu que o cronograma indicado ao Executivo para a entrada em funcionamento do Luís de Camões, no Campo de Tiro de Alcochete, foi “uma válvula de segurança”. Ou seja, a ANA avançou com uma data mais lata para se salvaguardar.

“O prazo que está na nossa proposta é 2037, por uma razão muito simples: era preciso ter algumas válvulas de segurança, não é um prazo vinculativo. Estamos a trabalhar com o Governo para reduzir os prazos e há trabalhos que se podem fazer em simultâneo, não é preciso terminar uma coisa para começar outra. Vamos antecipar, vamos acelerar e vamos ter Alcochete a funcionar o mais depressa possível porque é do interesse do país e do nosso acionista”, afiançou.

Arnaut relembrou que no próximo mês de janeiro a ANA irá entregar ao Executivo o estudo de impacte ambiental, sobre o qual a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) terá posteriormente três meses para se pronunciar e, findo este prazo, o documento ficará em discussão pública durante mais seis meses. O presidente do conselho de administração da ANA sublinhou que “há uma série de procedimentos e trâmites legais complexos” que têm de ser cumpridos e que sem o estudo a obra poderia arrancar dentro de um ano e meio.

“Se não fosse a questão do estudo ambiental a obra podia começar daqui a 18 meses. Há um conjunto de requisitos a cumprir, mas há uma vontade muito grande e estamos a trabalhar com posições às vezes divergentes, mas com o interesse nacional acima de tudo. O que pudermos atalhar, vamos atalhar e começar a obra o mais depressa possível. Começada a obra, depois veremos qual é o prazo final”, prosseguiu. 

As acessibilidades são outra das questões nevrálgicas que condicionam a concretização da futura infraestrutura, apontou ainda o chairman da empresa detida pela francesa Vinci.

“Estamos a falar de um aeroporto que é cinco vezes maior do que o Humberto Delgado e esse aeroporto também tem de ter acessos porque não se pode fazer um aeroporto sem, eventualmente, uma Terceira Travessia do Tejo (TTT) ou sem acesso ferroviário. Teremos um aeroporto a 41 quilómetros do centro da cidade, portanto, é preciso termos a noção de que sem acessibilidades não há aeroporto”, alertou.

“Nada impede a ANA de acelerar prazos”

Também presente no 50º Congresso da APAVT, o secretário de Estado das Infraestruturas respondeu: o Governo quer a ANA a trabalhar mais depressa e, garante, não há nada que a impeça de ter Alcochete pronto antes de 2037.

"O prazo de 2037 é da exclusiva responsabilidade de José Luís Arnaut, o nosso timing é 2034-2035. Se a ANA adiantar os prazos, nós ficaremos profundamente reconhecidos e seria um sinal de que está profundamente comprometida nesta nossa parceria. Nada a impede de acelerar prazos e nós, do nosso lado também, tudo faremos para que isto seja possível", assegurou Hugo Espírito Santo.

Sobre as acessibilidades, o governante garantiu que estas não serão um empecilho e que, da rodovia à ferrovia, todos os projetos estarão concluídos atempadamente sem colocar em causa a abertura do Luís de Camões.

"O concurso para a TTT será lançado em 2027 o que significa que estará pronta em 2032 ou 2033, não será a ponte que irá criar um obstáculo a este tema. Do ponto de vista das rodovias estamos já a negociar com a Brisa e teremos também a solução ferroviária antes do aeroporto", prometeu.

Hugo Espírito Santo reiterou ainda que o financiamento será privado. "O investimento nas infraestruturas para os próximos 10 anos é de 60 mil milhões de euros, incluindo aeroporto, estradas, ferrovia, portos e metropolitano. Não iremos utilizar dinheiro do Orçamento do Estado para a construção do novo aeroporto de Lisboa. 95% daquilo que é feito na alta velocidade é sob a forma de uma parceria público-privada. Estamos, ainda, neste momento, a preparar-nos para lançar várias novas concessões rodoviárias em Portugal. O investimento é privado", reforçou.

O secretário de Estado das Infraestruturas salientou que o Governo irá também recorrer a fundos comunitários e ao Banco Europeu de Investimento (BEI).

"Antes de vir para aqui, estive na Coreia exatamente porque nós precisamos de construtoras e precisamos de fundos que nos ajudem. Precisamos de ter clara a estratégia, precisamos de parceiros que respondam à altura daquilo que nós queremos, mas também precisamos de construtoras, de financiamento e, precisamos também de mão de obra, isso é absolutamente claro", frisou.

*A jornalista viajou para Macau a convite da APAVT

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