Fed inicia reunião com mercados à espera de corte de 0,25 pontos nos juros

A confirmar-se a descida, será a segunda vez este ano que as taxas de juro diretoras, atualmente entre 4% e 4,25%, são alteradas.
Jerome Powell, presidente da Fed. Fotografia: Mandel NGAN / AFP
Jerome Powell, presidente da Fed. Fotografia: Mandel NGAN / AFPMandel NGAN / AFP
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O Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da Reserva Federal (Fed) reúne-se esta terça-feira, 28, e amanhã para decidir se volta a reduzir as taxas de juro diretoras, com os analistas a preverem um corte de 25 pontos percentuais.

A confirmar-se a descida, será a segunda vez este ano que as taxas de juro diretoras, atualmente entre 4% e 4,25%, são alteradas.

O impasse orçamental ('shutdown') nos Estados Unidos, que parece estar longe de ser resolvido, bloqueou a divulgação de muitos dados estatísticos, sobretudo dos indicadores referentes ao desemprego e ao índice de preços do consumo pessoal (PCE) — aquele a que a Fed dá mais atenção para conduzir a sua política monetária.

Sem dados atualizados, torna-se mais difícil para a Fed determinar o verdadeiro estado da economia americana, especialmente no que diz respeito ao cumprimento do seu duplo mandato: atingir o pleno emprego e limitar a subida da inflação a 2% ao ano.

O mercado de trabalho dos EUA tem apresentado sinais de abrandamento, particularmente nas novas contratações, o que é visto como um risco para a economia. Alguns analistas indicam que só a queda drástica dos fluxos migratórios impediu o aumento do desemprego, que atingiu 4,3% em agosto – o último mês para o qual existem dados.

Mas o desemprego e a inflação podem não ser os únicos desafios da Reserva Federal, segundo a economista-chefe da KPMG, Diane Swonk, citada pela AFP.

"A Fed também deve gerir a questão da liquidez nos mercados financeiros, enquanto tenta gerir o seu balanço significativamente alargado", sublinha Swonk. Se houver risco de desaceleração económica, um banco central pode iniciar uma flexibilização quantitativa ('quantitative easing') e efetuar a compra de ativos nos mercados para injetar liquidez.

Após ter optado por essa atuação durante a crise financeira de 2008 e durante a pandemia de covid-19, a Fed iniciou uma fase de aperto monetário ('quantitative tightening'), retirando liquidez e devolvendo ao mercado parte dos ativos adquiridos.

Michael Krautzberger, analista da AllianzGI, concorda que o debate sobre o fim do aperto quantitativo deverá ganhar força até final deste ano, e que a redução do balanço da Fed deverá estar concluída até ao primeiro trimestre do próximo ano.

"Isto significaria uma mudança para condições de liquidez mais acomodatícias, o que reduziria a pressão sobre os mercados de financiamento", considera Florian Späete, analista da Generali AM, antevendo que um fim antecipado do aperto quantitativo e uma consequente melhoria da liquidez permitem perspetivar "uma aterragem suave para a economia dos EUA, à medida que a zona euro caminha para uma recuperação gradual".

Após uma pausa de nove meses, a Fed retomou o ciclo de cortes nos juros em setembro, colocando um maior foco no seu mandato do pleno emprego. O presidente Jerome Powell descreveu a medida como um "corte na gestão de risco", flexibilizando a política monetária para mitigar os potenciais riscos de queda do mercado de trabalho, apesar da inflação continuar elevada.

O Comité Federal de Mercado Aberto(FOMC)é formado por 12 membros: os sete membros do Conselho de Governadores do Sistema da Reserva Federal, o presidente do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque e quatro dos restantes 11 presidentes do Banco da Reserva, que cumprem mandatos de um ano em regime de rotatividade.

Jerome Powell, presidente da Fed. Fotografia: Mandel NGAN / AFP
Analistas antecipam novo corte de 0,25 pontos da Fed nas taxas de juro

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