O Comité Federal de Mercado Aberto da Reserva Federal (Fed) norte-americana deve anunciar, esta quarta-feira, às 14 horas locais (18 horas de Lisboa), uma redução das taxas de juro diretoras, que os analistas estimam ser de 0,25 pontos percentuais.A confirmar-se a descida, será a segunda vez este ano que as taxas de juro diretoras, atualmente entre 4% e 4,25%, são alteradas, depois de um primeiro corte, de 0,25 pontos, ocorrido em setembro.Os membros do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC), reunidos desde a manhã de terça-feira, terão de tomar uma decisão sobre as taxas de juro sem conhecerem os dados estatísticos que utilizam para avaliar a saúde da economia norte-americana.O impasse orçamental ('shutdown') nos Estados Unidos, que parece estar longe de ser resolvido, bloqueou a divulgação de muitos dados estatísticos, sobretudo dos indicadores referentes ao desemprego e ao índice de preços do consumo pessoal (PCE) — aquele a que a Fed dá mais atenção para conduzir a sua política monetária.A Casa Branca informou na semana passada que os números da inflação de outubro podem nem sequer ser recolhidos.Sem dados atualizados, torna-se mais difícil para a Fed determinar o verdadeiro estado da economia americana, especialmente no que diz respeito ao cumprimento do seu duplo mandato: atingir o pleno emprego e limitar a subida da inflação a 2% ao ano.A própria paralisação dos serviços públicos também pode prejudicar a economia nos próximos meses, dependendo da sua duração. Cerca de 750 mil funcionários federais estão há quase um mês sem receber salário, o que poderá em breve refletir-se no consumo, um dos motores críticos da economia.O mercado de trabalho dos EUA tem apresentado sinais de abrandamento, particularmente nas novas contratações, o que é visto como um risco para a economia. Alguns analistas indicam que só a queda drástica dos fluxos migratórios impediu o aumento do desemprego, que atingiu 4,3% em agosto – o último mês para o qual existem dados.Mas o desemprego e a inflação podem não ser os únicos desafios da Reserva Federal, segundo a economista-chefe da KPMG, Diane Swonk, citada pela AFP."A Fed também deve gerir a questão da liquidez nos mercados financeiros, enquanto tenta gerir o seu balanço significativamente alargado", sublinha Swonk. Se houver risco de desaceleração económica, um banco central pode iniciar uma flexibilização quantitativa ('quantitative easing') e efetuar a compra de ativos nos mercados para injetar liquidez.Após ter optado por essa atuação durante a crise financeira de 2008 e durante a pandemia de covid-19, a Fed iniciou uma fase de aperto monetário ('quantitative tightening'), retirando liquidez e devolvendo ao mercado parte dos ativos adquiridos.Michael Krautzberger, analista da AllianzGI, concorda que o debate sobre o fim do aperto quantitativo deverá ganhar força até final deste ano, e que a redução do balanço da Fed deverá estar concluída até ao primeiro trimestre do próximo ano."Isto significaria uma mudança para condições de liquidez mais acomodatícias, o que reduziria a pressão sobre os mercados de financiamento", considera Florian Späete, analista da Generali AM, antevendo que um fim antecipado do aperto quantitativo e uma consequente melhoria da liquidez permitem perspetivar "uma aterragem suave para a economia dos EUA, à medida que a zona euro caminha para uma recuperação gradual".O FOMC é formado por 12 membros: os sete membros do conselho de governadores do Sistema da Reserva Federal, o presidente do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque e quatro dos restantes 11 presidentes do Banco da Reserva, que cumprem mandatos de um ano em regime de rotatividade..Fed inicia reunião com mercados à espera de corte de 0,25 pontos nos juros