Um dos maiores representantes do BMW Group no mercado ibérico, a BMcar dá um novo passo na sua estratégia de expansão com a abertura anunciada de um polo da BMW Motorrad no Porto, já a funcionar em soft opening desde março, mas com abertura oficial prevista para o primeiro trimestre de 2026. O espaço “diferenciado”, o maior da Península Ibérica, motivou um investimento de cerca de dois milhões de euros e a criação de 20 novos postos de trabalho, e assinala a aposta “a sério” da empresa no mercado das duas rodas em Portugal, onde até este ano oferecia apenas o serviço de pós-venda. O objetivo assumido é a liderança ibérica, como revela Pedro Rodrigues, o CEO da BMcar. Anunciaram este ano um investimento de dois milhões de euros na abertura de um pólo da BMW Motorrad no Porto? Porquê só agora esta aposta no mercado da venda de motos em Portugal, 30 anos depois da fundação da BMcar em Braga, como concessionária automóvel da BMW? Porque é que este é o momento certo? Sendo a BMcar um operador que tem a sua estratégia focada num registo de exclusividade de representação das marcas do BMW Group, digamos que a BMW Motorrad, na venda de motos novas, era o único negócio que não estava no universo de BMcar. Nós iniciámos, de certa forma, a relação com a BMW Motorrad através de um serviço pós-venda em 2018, e isso ajudou-nos a confirmar que realmente a atividade da Motorrad é uma atividade que faz sentido representar, além de que, verdade seja dita, os últimos anos têm registado um aumento expressivo das vendas de BMW Motorrad em Portugal. Estas, digamos, foram as primeiras duas ordens de razão; a terceira, não menos importante, é o facto de que a cidade do Porto, até março passado, não tinha representação BMW Motorrad há já uns anos. Quando comunicaram a abertura do novo polo no Porto, também anunciaram que tinham como objetivo atingir 15% da quota de mercado em Portugal e 10% em Espanha até 2028. Por estes primeiros indicadores de atividade, uma vez que já estão em atividade desde março, mesmo sem o polo ainda completamente pronto, já têm uma noção se os números estão ou não ajustados às expectativas? Estamos numa fase de soft opening, embora a nossa estrutura humana esteja completamente ativa desde março. Estes seis primeiros meses de atividade, concretizando em números, indicam que em relação à estratégia que nós planeámos a três anos, e que aponta para uma quota de mercado em Portugal de 15%, efetivamente, estamos com um nível de atividade bem superior àquilo que tínhamos estimado. Em agosto foi um mês onde já conseguimos ter um posicionamento de vice-liderança do mercado. Por isso, provavelmente vamos ter que antecipar essas metas.Há alguns números que possamos pôr em cima da mesa em relação a estes primeiros 6 meses? Sim, podemos falar que nestes primeiros seis meses de atividade estamos com mais de 250 motas vendidas. Para esclarecer os leitores, quando falamos de quota de mercado, falamos dentro do mercado dos concessionários da Motorrad, certo? Exatamente, correto. Os números deste ano, 2025, apontam para que a atividade dos concessionários em Portugal vá cair muito perto, ou mesmo concretizar, da venda de cerca de três mil unidades no total. Focando nas instalações, quando é que poderemos ter o novo polo efetivamente pronto e aberto a 100% ao público? Durante o primeiro trimestre de 2026. Já nos foi entregue o espaço em bruto. Agora vamos ter que fazer fit-out do espaço, que já iniciámos, mas, para ser realista, estamos a falar de algo que terá portas abertas no primeiro trimestre de 2026.. Nesta era em que os serviços são cada vez mais digitalizados, a importância da experiência do utilizador numa loja física, neste mercado das motos, ainda é um fator diferenciador, mais até do que nos carros?Seguramente que sim. A atividade Motorrad, do segmento das motos, é uma atividade que, onde, digamos, o cliente é simultaneamente quase um especialista e, portanto, onde a interação, não só com a sua moto, mas também com os seus amigos e outros proprietários é algo importante. E, portanto, este espaço vai procurar ter essa vivência. Ser um espaço vivo e atrativo para esta comunidade motard. Teremos um conjunto de iniciativas regulares que promovam o convívio e a partilha de conhecimento desta comunidade.Será esse o fator diferenciador principal deste novo polo?Eu diria que são dois fatores. Um fator, digamos, mais convencional tem como pressuposto as próprias instalações. Estamos a falar de cerca de dois mil metros quadrados dedicados exclusivamente à venda de BMW Motorrad, quer na área das vendas, quer na área de uma pós-venda… É o maior polo Motorrad da Península Ibérica. Por outro lado, não será apenas um espaço convencional, mas um espaço vivo que permita que os nossos clientes, potenciais clientes ou a comunidade motard em geral, se sintam bem nesse espaço e o identifiquem como um espaço de conhecimento e vivência motard. Teremos um conjunto de iniciativas para promover este espírito e este fluxo, quer durante a semana, quer durante o fim de semana. No fundo, querem promover quase um clube próprio, é isso?É exatamente isso, nem mais nem menos.Anunciaram o conceito de um polo físico focado no lifestyle, no turismo e na mobilidade urbana. Isso traduz-se em quê na oferta prática ao cliente? Em termos dos próprios modelos de moto, têm algumas apostas específicas neste polo?Sim, isso também tem a ver com a própria evolução da BMW Motorrad. Ou seja, a BMW Motorrad, na sua génese, e digamos que ainda aos dias de hoje, o seu core, a sua preponderância, tem muito a ver com aquilo que é o moto do turismo, ou moto mais de lazer. Mas a evolução dos últimos anos tem também a ver com a mobilidade urbana, nomeadamente a elétrica. Começaram a surgir modelos para mobilidade diária, muito conectados com as dificuldades de circulação nos grandes centros urbanos.E, portanto, começaram a aparecer um conjunto de modelos que promovem a mobilidade diária. É verdade que, se olharmos para Portugal, a dificuldade de mobilidade também está muito concentrada. Falamos de Lisboa, Porto, eventualmente mais uma outra cidade, não muito mais do que isso. Em Espanha, onde temos o maior contrato da Península Ibérica, em Madrid, esta componente da mobilidade é já muito expressiva na Motorrad. Em Portugal estamos ainda a fazer a esse percurso. Já podemos dizer, ou dar uma estimativa pelo menos, de quanto é que representa esse segmento da mobilidade sustentável, das motos elétricas, na oferta atual da BMW Motorrad? Em Portugal, em particular, estamos a falar de taxas entre 5 a 10%, com uma tendência a crescer.Qual é o peso atual do segmento das motos nas receitas do grupo e quais as metas de crescimento?Em termos de volume de atividade, nós estimamos que em velocidade cruzeiro, atingindo essa tal expectativa dos 15%, o volume do negócio andará na casa dos 15 milhões de euros. Se fosse hoje estaríamos a falar de algo equivalente a cerca de 5% do volume de negócios do grupo.Em relação aos recursos humanos, quantos postos de trabalho é que serão ou já foram criados, e qual é que é o grau de especialização necessário para este novo polo no Porto?O nosso plano de negócios aponta para a criação de cerca de 20 postos de trabalho. Entre vendas e pós-venda, a grande maioria desses postos de trabalho já estão concretizados. Direi que 80% desse número está concretizado. Relativamente ao grau de especialização, é elevado, tem que ser elevado. Desde logo na componente da pós-venda, necessariamente, que é algo absolutamente crítico e determinante para fazer negócios. Mas o mesmo acontece no lado das vendas. Estamos a falar, como dissemos há pouco, de um cliente altamente especializado, altamente conhecedor, que procura encontrar em nós, no mínimo, o mesmo nível de conhecimento. Portanto, a preocupação e a seleção que fizemos destes recursos, também, entre outras características, passou ter requisitos de conhecimento expresso no mundo da BMW Motorrad e no mundo das motos. É uma condição absolutamente crítica para um bom desempenho.Para finalizar, pergunto-lhe qual é a importância, de facto, que esperam que a Porto tenha na estratégia ibérica da Motorrad no grupo BMcar, uma vez que já têm um polo em Madrid também?Nós temos como expectativa que o Porto seja uma referência, claramente, no grupo BMcar e na BMW Motorrad, relativamente ao conhecimento e ao bem fazer. Não só na Península Ibérica. Naturalmente, temos consciência que estamos a trabalhar, com o mercado interno, o mercado português, mas não nos queremos cingir exclusivamente a essa referência. Queremos ser uma referência na Europa. O investimento que estamos a realizar tem também inerente esse objetivo, claramente. Não é normal estarmos a investir – nós ou um outro operador, seja ele qual for - dois milhões de euros neste tipo de atividade. Não é o padrão. Portanto, ao fazer este investimento é porque acreditamos no negócio. Acreditamos que o negócio tem dimensão crítica e escala suficiente para se tornar um negócio rentável - no final, é esse o propósito, é isso que nos move – e que nós temos capacidade para ser uma referência no universo do grupo BMW e neste caso BMW Motorrad, assim como acontece já com os automóveis.---BMcar investe 15 milhões na renovação física e digital A BMcar anunciou um investimento de 15 milhões de euros até 2026 para renovar e expandir as suas operações físicas e digitais, no âmbito do plano estratégico Mission One (2025-2027). O projeto inclui a abertura de novos concessionários em Guimarães e Famalicão, além da inauguração da BMW Motorrad Porto e o lançamento da BMcar Online 2.0, reforçando a digitalização e sustentabilidade. Com este plano, a empresa prevê atingir 500 milhões de euros de volume de negócios já em 2025 e superar 1.500 milhões até 2027, consolidando a liderança no mercado premium. “A nossa missão é clara: antecipar tendências e dar resposta a um consumidor cada vez mais digital, exigente e consciente. Queremos liderar a nova era automóvel em Portugal”, afirma o CEO, Pedro Rodrigues..Dona do Pingo Doce sobe 8% e BCP tomba quase 3% em bolsa após resultados.Loureiro da Quinta do Ameal dá força no verde ao Esporão