O indicador preferido da Reserva Federal (Fed) para medir a inflação apresentou uma variação ligeira em setembro, o que pode indiciar um novo corte dos juros do banco central no final da reunião que decorre até quarta-feira.O Índice de Preços no Consumo Pessoal (PCE), divulgado com um atraso de cinco semanas devido à paralisação do governo norte-americano ocorrida entre 01 de outubro e 12 de novembro, revela que os preços subiram 0,3% em setembro, em relação ao mês anterior, e 2,8% em relação ao período homólogo do ano anterior, um ligeiro aumento face aos 2,7% registados em agosto, segundo informou o Departamento do Comércio na sexta-feira.No entanto, a inflação subjacente (excluindo os preços voláteis dos alimentos e da energia) abrandou ligeiramente para 2,8% em termos homólogos, em comparação com 2,9% no mês anterior.Com a inflação acima da meta de 2% definida pelo banco central, em parte devido às tarifas impostas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, os membros da Fed enfrentam uma decisão difícil na reunião mensal.Se, por um lado, é aconselhável manter as taxas de juro elevadas para combater a inflação, por outro a fraca criação de emprego, a subida lenta do desemprego, o crescimento económico residual e a desaceleração no crescimento dos salários, que registaram uma subida de 4,4% em termos homólogos, em comparação com 4,5% em novembro, parece recomendar uma redução dos juros para impulsionar a economia.A expectativa dos investidores é a de que a Fed acabará por decidir continuar a cortar a sua principal taxa de juro em mais 25 pontos base, naquele que, a confirmar-se, será o terceiro corte do ano, numa tentativa de estimular o mercado de trabalho norte-americano.Devido à prolongada paralisação do governo, a taxa de desemprego de outubro nunca será publicada, e a taxa de novembro será divulgada mais tarde do que o habitual, já depois da reunião da Reserva Federal.Na semana do Dia de Ação de Graças, os pedidos de subsídio de desemprego nos EUA caíram para 191.000 face aos 218.000 da semana anterior, registando o nível mais baixo em mais de três anos, segundo informou o Departamento do Trabalho na quinta-feira.Kathy Bostjancic, economista-chefe da Nationwide, disse à Associated Press (AP) que os pedidos de subsídio de desemprego são frequentemente distorcidos pelo feriado do Dia de Ação de Graças, o que pode fazer com que algumas pessoas que perderam os seus empregos adiem a apresentação do pedido.Os cortes de postos de trabalho recentemente anunciados por grandes empresas como a UPS, General Motors, Amazon e Verizon demoram normalmente semanas, ou meses, até serem concretizados, podendo não estar refletidos nos dados divulgados na quinta-feira.Nas últimas semanas, o mercado de trabalho dos EUA parece estar preso num estado de "poucas contratações e poucos despedimentos", o que tem mantido a taxa de desemprego historicamente baixa."Já não estamos perante um mercado de trabalho com poucas contratações. É um mercado de trabalho que está a começar a despedir trabalhadores", escreveu Heather Long, economista da Navy Federal Credit Union, num relatório citado pela AFP."Alguns setores" estão a abrandar, principalmente a construção civil, segundo admitiu na quarta-feira o secretário norte-americano do Tesouro, Scott Bessent."É por isso que precisamos de cortes nas taxas de juro", afirmou, embora também tenha dito que está "muito otimista em relação à economia no próximo ano".Na última reunião, ocorrida em 29 de outubro, a decisão do Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) da FED em cortar em 25 pontos base a taxa de juro não foi unânime, com dois dos doze membros a votarem contra.No final do encontro, o presidente Jerome Powell adiantou que devido às "opiniões muito diferentes" no comité, um novo corte das taxas em dezembro "não é de forma alguma garantido".Esse foi o segundo corte nos juros decidido pela Fed desde o início do ano. O primeiro, também de 0,25 pontos, ocorreu em setembro.O Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) é formado pelos sete membros do conselho de governadores do Sistema da Reserva Federal, o presidente do Banco da Reserva Federal de Nova Iorque e quatro dos restantes 11 presidentes do Banco da Reserva, que cumprem mandatos de um ano em regime de rotatividade.O Presidente dos EUA, Donald Trump, tem defendido insistentemente taxas de juro mais baixas para reduzir os custos dos empréstimos e apoiar as suas políticas "pró-crescimento", assentes em cortes de impostos, desregulação e tarifas..Fed termina segundo dia de reunião com mercados à espera de corte nos juros