A EDP acredita que o Governo e os reguladores do mercado de energia em Portugal vão aumentar os incentivos à distribuição elétrica, uma vez que reconheceram que os retornos não estavam a ser suficientes para as empresas. “Não estávamos a crescer em Portugal porque não havia grande necessidade, mas também porque os retornos não eram suficientes. Penso que o governo e os reguladores reconheceram que precisam de incentivar maiores retornos na distribuição, e temos perspetivas para isso nos próximos dois anos”, disse esta quinta-feira o CEO da EDP, Miguel Stilwell de Andrade.“Isso já foi aprovado pelo regulador. Portanto, temos uma visibilidade bastante boa disso também em Espanha”, referiu.Em 2026, a taxa de remuneração para a operação de redes será de 6,33%. A EDP considerou anteriormente que 7,8% seria “um valor mais justo”, tal como escreveu em outubro o jornal Expresso.“Não acreditamos que 6,33% seja o número final. Achamos que temos argumentos bons, racionais, que podemos apresentar ao regulador e que esse número pode levar um empurrão na proposta final”, disse Miguel Stilwell de Andrade.“Há outros parâmetros regulatórios sobre os quais tipicamente não falamos tanto, mas que também melhoraram. Por isso é importante não vermos só o número no princípio da folha, mas o retorno global previsto. E esse melhorou. Outra coisa que melhorou significativamente é o facto de que não teremos mais o imposto extraordinário (contribuição extraordinária sobre o sector energético, ou CESE)”, disse o responsável.Por tudo isto, explicou Stilwell de Andrade, “há uma subida no nosso retorno em Portugal face ao que tínhamos no passado. Entre 0,85% de não haver a CESE, mais 0,8% de melhorias, os 6,33% que podem ser um bocadinho mais. Estamos a falar de uma subida de quase 2% no retorno da regulação em Portugal”.Ainda assim, o CEO da EDP disse, em qualquer caso, o investimento (Capex) poderá ser ajustado.O responsável, que falava na apresentação do plano estratégico do grupo entre 2026 e 2028, em Londres, referiu que, em consequência, “estamos a assistir a um aumento do investimento em Portugal, baixa volatilidade e alta rentabilidade”.“Mas, essencialmente, há um limite para o investimento que foi aumentado e podemos tirar partido disso até certo ponto.Mas, em contrapartida, em Espanha, há um aumento um pouco maior”, disse.Em Portugal, o CEO da EDP disse que acreditar que o cálculo sobre o retorno para as empresas “aumentará mais”. “Estamos a defendê-lo. Acreditamos que existem problemas metodológicos com o cálculo, o que nos permite ainda esperar um maior retorno.Saberemos disso no dia 15 de dezembro. Mas, em qualquer caso, acreditamos que será esse o caso”, sublinhou.“É importante salientar que existem acréscimos a estes retornos em termos de incentivos, na ordem dos 100 a 200 pontos base, seja por superação da meta, pela eficiência, pela qualidade do serviço ou pela melhoria das perdas. Existem acréscimos adicionais em termos de retornos sobre a distribuição, tanto em Portugal como em Espanha”, sublinhou Miguel Stilwell de Andrade.Outro ponto que o CEO da EDP recordou é que os retornos estão indexados às obrigações, o que significa que “existe uma certa redução do risco”. “Isto é específico de Portugal em comparação com Espanha”, disse. Portanto, se as taxas de juro subirem, os retornos também subirão. .Stilwell de Andrade: "EDP tem hoje muito mais clareza sobre as renováveis nos EUA e o quadro em Portugal e Espanha" .A EDP prevê um investimento bruto de 12 mil milhões de euros entre 2026 e 2028, a maior parte (7,5 mil milhões) na EDP Renováveis, em capacidade eólica e solar e em sistemas de armazenamento de energia em baterias. O valor consta de um resumo do plano de negócios que o grupo português apresenta esta quinta-feira aos mercados.Cerca de 60% de todo este investimento nas renováveis, adiantou a empresa, será feito nos Estados Unidos.Além dos 7,5 mil milhões na EDP Renováveis, o grupo prevê investir 3,6 mil milhões em Redes Elétricas, dos quais 66% na Península Ibérica.O plano, indica a EDP num resumo enviado à CMVM, é o de “continuar a fortalecer a sua [capacidade de] geração flexível (FlexGen) e portfolio de clientes na Ibéria”..Grupo EDP vai investir 12 mil milhões de euros entre 2026 e 2028 .O jornalista do DN viajou para Londres, para assistir à apresentação do plano estratégico, a convite da EDP.