Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos.
Paulo Macedo, presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos.Leonardo Negrão/Global Imagens

Paulo Macedo:"Independência é a coisa que mais preocupa o atual governador, o novo governador e a mim"

Presidente da CGD reage com comedida indignação à pergunta sobre se o facto de ter partilhado Conselho de Ministros com Álvaro Santos Pereira não colocaria em causa a independência deste como supervisor da Caixa
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"A independência é a coisa que mais preocupa o atual governador, o novo governador e a mim", começou por responder, de forma pausada mas muito assertiva, à pegunta que lhe foi colocada esta manhã, na sede da Caixa Geral de Depósitos, durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados semestrais do banco.

Paulo Macedo, que conhece Álvaro Santos Pereira, com quem, inclusivamente partilhou funções governativas durante a legislatura de Pedro Passos Coelho - o primeiro foi ministro da Saúde e o segundo tinha a pasta da Economia - rejeitou qualquer tipo de questão no que concerne à independência do supervisor.

"Vai ficar admirado, mas várias pessoas são amigas umas das outras e já trabalharam juntas", ironizou em resposta ao jornalista do Público. "E a questão não são os conflitos de interesse, mas se esses conflitos são mitigados e se há um disclosure dos mesmos", salientou.

Se fosse uma questão "as pessoas conhecerem-se, ficávamos bastante reduzidos num mercado que já é muito reduzido", sublinhou ainda.

Instado a comentar a escolha de Álvaro Santos Pereira para suceder a Mário Centeno, Paulo Macedo começou por dizer que não lhe cabe a si avaliar, mas não deixou de atirar algumas considerações.

"Em termos de CV, não me parece que se levante qualquer dúvida. Tenho muito apreço pelo por trabalho que desenvolveu, academicamente. E tenho uma questão de apreço por alguém que era economista chefe da OCDE e vem para Portugal e recebe as manchetes todas que recebeu dos jornais, no primeiro dia" em que o nome é anunciado", atirou em jeito de crítica.

"Quando pessoas se disponibilizam a servir o país, quando podiam estar na OCDE - Paris já não é o que era, mas não está mau, posso dizer-vos... - enfim. Ele foi dos poucos economistas chefes da OCDE, que eu tenha notado, que foi convidado pelo BCE para ser ouvido, precisamente pela experiência que tem..."

E não deixou de acrescentar: "Também quero dizer que a CGD também tem apreço pelo anterior governador e pela forma como se relacionou com os bancos, e como representou Portugal no BCE. Felizmente estamos a falar de duas personalidades bastante credíveis", concluiu.

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