"Portugal é muito apetecível para os investidores norte-americanos"

A Corcoran atravessa o Atlântico para atacar o mercado do imobiliário de luxo, depois de os investidores norte-americanos investirem em Portugal 11,4 mil milhões no primeiro trimestre.
Hugo Santos Ferreira é o CEO da Corcoran Atlantic, que aposta no imobiliário de luxo português
Hugo Santos Ferreira é o CEO da Corcoran Atlantic, que aposta no imobiliário de luxo portuguêsCréditos: Luís Nobre Guedes
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O mercado português de imobiliário de luxo dispõe de "muito boas oportunidades de investimento". Tendo isto em mente, uma gigante norte-americana do imobiliário de luxo instalou-se em Portugal há pouco mais de um mês e olha para a economia nacional como a porta de entrada para o mercado europeu.

O Corcoran Group é um mediador com grande peso no mercado norte-americano, de forma particular em Manhattan (estado de Nova Iorque). Conta com filiais em Itália e na Alemanha, mas “o grande processo de expansão na Europa é através de Portugal”, enquanto Corcoran Atlantic (usa o mesmo nome em Espanha, onde também se quer expandir). A garantia é do CEO, Hugo Santos Ferreira.

À conversa com o DN, explica que a segurança e a relativa proximidade aos EUA são fatores diferenciadores, que levam a Corcoran Atlantic a olhar com bons olhos para Portugal. Por essa razão, já contam com um escritório em Lisboa, na Avenida da Liberdade.

Para 2026, está prevista a abertura de uma loja no Príncipe Real, a par da expansão para o Porto, Algarve e Comporta. Nesta última, a Corcoran já tem projetos hoteleiros em carteira e o responsável descreve aquela área como "os Hamptons da Europa", em função da procura que o grupo regista nos Hamptons (Nova Iorque).

Ora, os dados indicam que o IDE que chega dos Estados Unidos atingiu 11,4 mil milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, o que coloca a nacionalidade norte-americana como a oitava que mais investe no território nacional. Os números retratam um disparo face a anos anteriores, sobretudo se a comparação for feita com o período anterior à pandemia. É que, face a 2019, regista-se um aumento de 70%.

Mas que vantagens encontram os investidores norte-americanos quando olham para Portugal? Em primeiro lugar, a segurança, já que estes "procuram paz, estabilidade política e social". Soma-se a facilidade dos portugueses em falar línguas estrangeiras e o facto de Portugal ser o país europeu mais próximo do continente norte-americano, o que significa que "pode ser um bom hub de ligação" entre as duas partes.

Assim sendo, o mercado nacional torna-se "muito apetecível para os compradores norte-americanos", que são a maioria dos clientes da Corcoran, seguidos por brasileiros e canadianos. Neste âmbito, aposta em projetos de construção nova e no mercado dos usados, sendo que regista "muita atenção" a branded residences. Em causa estão imóveis residenciais de segmento premium, cujo propósito passa por oferecer uma experiência de luxo a quem os usa (como residência habitual ou ocasional). Neste caso específico, há uma elevada procura de investidores do Brasil (sobretudo São Paulo) e dos EUA.

Neste âmbito, Hugo Santos Ferreira salienta a distinção do The Economist atribuída a Portugal como melhor desempenho em 2025 entre 36 economias estudadas. Uma decisão que, sublinha, teve o contributo da entrada de investimento norte-americano na economia nacional.

Isto porque o relatório divulgado aponta a entrada de investidores estrangeiros com elevado poder de compra como fator decisivo. Ora, de acordo com o CEO da Corcoran Atlantic, a referência é aos norte-americanos, que se vêem "atraídos" por programas de incentivo ao Investimento Direto Estrangeiro (IDE), beneficiando "o investimento imobiliário e a reabilitação urbana", com resultados práticos em várias métricas económicas, como é o caso da geração de postos de trabalho. No entanto, deixa um alerta sobre aquilo que entende que ainda falta.

Para repetir o prémio em 2026, é necessário implementar em Portugal um regime de "quadros fiscais e de IDE mais competitivos, que premeiem a atração de capital, que permite criar e manter empregos e atrair talento estrangeiro, nomeadamente profissionais altamente qualificados", reitera. Para que tudo funcione, é necessário um regulamento "claro, simples e acessível". Isto porque "segurança é importante, mas não chega", de tal forma que o próprio sublinha problemáticas ligadas à própria construção de habitação.

O próprio aponta ainda a dificuldade em obter licenciamentos como um problema que afeta o setor. "O caos do licencimento é um entrave à economia", ao mesmo tempo que "a burocracia e os impostos não ajudam", atira, embora a Corcoran trabalhe essencialmente com clientes finais.

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