Sindicato acusa TAP de substituir trabalhadores da Menzies em greve

TAP diz que a empresa "está a fazer tudo para minimizar o impacto desta greve nos seus passageiros", mas no "estrito cumprimento da lei".
Aeroporto de Lisboa, em dia de greve de trabalhadores da Menzies.
Aeroporto de Lisboa, em dia de greve de trabalhadores da Menzies.Reinaldo Rodrigues
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O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) acusa a TAP de “sabotar a greve” na SPdH/Menzies (antiga Groundforce) substituindo ilegalmente grevistas com técnicos de manutenção da transportadora, mas esta garante estar a atuar "no estrito cumprimento da lei".

“O SIMA denuncia publicamente aquilo que já sabíamos, mas hoje ficou documentado, a TAP está a sabotar a greve em curso na Menzies/SPdH. E fá-lo à margem da lei, à vista de todos e com a cumplicidade do Governo”, sustenta o sindicato num comunicado divulgado este domingo.

Aeroporto de Lisboa, em dia de greve de trabalhadores da Menzies.
Aeroporto de Lisboa, em dia de greve de trabalhadores da Menzies.Reinaldo Rodrigues

Contactada pela agência Lusa, fonte oficial da TAP afirmou que a empresa "está a fazer tudo para minimizar o impacto desta greve nos seus passageiros" mas, assegurou, " sempre no estrito cumprimento da lei".

Para comprovar a denúncia feita, o sindicato anexa uma notificação interna da operação, emitida esta manhã, confirmando que “técnicos da TAP – Manutenção estão a substituir trabalhadores grevistas, executando as ‘fonias de saída’ (comunicações críticas entre placa e ‘cockpit’), que são função da SPdH/Menzies”.

Imagem divulgada pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA).
Imagem divulgada pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA).SIMA

“A TAP costuma esconder-se atrás dos seus 49,9% de participação na Menzies para negar responsabilidades. Mas hoje ficou claro, quando se trata de furar uma greve e esmagar trabalhadores, a TAP mete-se até dentro dos aviões”, sustenta o sindicato.

Destacando que a substituição direta ou indireta de grevistas é “uma violação grosseira da lei da greve”, o SIMA garante que “a TAP não está apenas a ‘colaborar’”, mas sim “a operar no terreno como substituta da empresa de ‘handling’” e, “portanto, a cometer uma ilegalidade”.

Face a esta situação, o sindicato considera que a administração da TAP, liderada por Luís Rodrigues, "deve explicações ao país" e tem de "assumir a sua responsabilidade direta na repressão de uma greve legítima”.

Adicionalmente, questiona “onde está o Governo” português", que, enquanto “acionista maioritário da TAP e conhecedor da situação laboral na Menzies, não pode fingir que não viu”.

Aeroporto de Lisboa, em dia de greve de trabalhadores da Menzies.
Aeroporto de Lisboa, em dia de greve de trabalhadores da Menzies.Reinaldo Rodrigues

“Esta participação da TAP em tarefas de ‘handling’ durante a greve compromete diretamente o Estado. Silenciar esta denúncia é aceitar que se destrua o direito à greve em Portugal”, acusa o SIMA.

Denunciando que a atual greve na Menzies “revelou o que se queria esconder: um esquema de repressão laboral, onde a TAP, a Menzies e o Estado atuam em bloco contra os trabalhadores”, o sindicato garante que “não se calará”.

Os trabalhadores da Menzies Aviation cumprem este domingo o terceiro de quatro dias de uma greve convocada pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST), que teve início às 00:00 de sexta-feira e se prolonga até às 24:00 de segunda-feira.

Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro. Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 08 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 01 de setembro.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o fim de salários base abaixo do salário mínimo nacional, o pagamento das horas noturnas, melhores condições salariais e a manutenção do acesso ao parque de estacionamento nos mesmos moldes anteriores.

O Tribunal Arbitral determinou serviços mínimos para a assistência a todos os voos relacionados com situações críticas de segurança, voos de emergência, militares, de Estado e voos da TAP em 'night-stop' em escala europeia, bem como ligações regulares entre Lisboa e os Açores e Madeira, e entre o Porto e os arquipélagos.

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