As contas de 2024 foram fechadas durante o primeiro trimestre deste ano e a Vacheron Constantin fez questão de as anunciar: com receitas a superar os mil milhões de euros (942 milhões de franco, com o câmbio de então), a relojoeira suíça entrou no 270.º ano de existência com solidez financeira e a estratégia bem afinada. Foi também no início de 2025 que Laurent Perves assumiu a presidência-executiva da empresa, depois de vários anos como Chief Comercial Officer, e sucedendo a Louis Ferla, que passou para a liderança da Cartier – foi apenas mais uma dança entre as múltiplas que houve este ano, nas casas de luxo. A Vacheron é a mais antiga relojoeira do mundo ainda em funcionamento, e tem-se esforçado para não ficar para trás, ao reforçar a aposta em mercados estratégicos, como é o caso da Ásia. Mas este ano decidiu ir ainda mais longe e fez uma parceria com o Museu do Louvre, em Paris. Na sala 306 desta que já é uma instituição parisiense, está desde quarta-feira, 17 de setembro, em exposição, uma das mais complicadas peças jamais feitas pelos especialistas da Vacheron Constantin. A La Quête du Temp, um relógio autómato com mais de um metro de altura e 140 kg, levou mais de sete anos para ser desenvolvido. Conta com 6293 componentes, 23 complicações e 15 patentes e é uma verdadeira obra de arte, onde filosofia, mecânica e trabalho manual andam de mãos dadas. O autómato Astronomer, uma figura humana masculina em bronze, é animado pelo mestre François Junod, e aponta para os céus, indicando as horas, acompanhado por uma composição original do músico Woodkid. A peça pode dividir-se em três partes: uma base onde está o mecanismo e a caixa de música; o relógio propriamente dito e as suas complicações, e o autómato, a encimar toda a peça, protegido por uma cúpula onde estão pintadas as constelações, na sua posição orginal em Genebra, no ano de 1755. Um feito que foi conseguido com a ajuda do Observatório de Genebra. Na base da peça, estão incrustadas as posições planetárias deste ano. .Grupo Kering toma medida "extrema" e contrata CEO da Renault.Gucci diz adeus a De Sarno para tentar inverter perdas.Uma das mais exclusivas marcas de relógios, e das mais conceituadas também, a Vacheron Constantin continua a ser preferida dos amantes desta indústria. Vende cerca de 30 mil relógios por ano – muitos deles são pintados à mão, com motivos personalizados – garantindo uma quota de mercado a rondas os 2,5%, segundo uma estimativa recente do Morgan Stanley. Razões mais do que suficientes para querer estar cada vez mais próxima dos clientes, o que tem concretizado com a abertura de mais boutiques de rua, como foi o caso da loja da Via Condotti, em Roma e de algumas renovações, como fez com a loja da Place Vândome, em Paris. A Vacheron decidiu também reafirmar a sua posição ao apresentar este ano, durante a Watches and Wonders (a maior e mais importante feira da alta relojoaria) a Les Cabinotiers Solaria Ultra Grand Complication - La Première.Com 41 complicações, este relógio de pulso resultou de oito anos de investigação e desenvolvimento nas mãos de uma só pessoa, e saiu do atelier Les Cabinotiers, o mais exclusivo da marca.Este é um departamento em que a Vacheron tem apostado cada vez mais, numa altura em que as casas de luxo tentam navegar um mercado que muda rapidamente, com consumidores cada vez mais diferentes. Essa é uma das razões pelas quais a marca não apresenta novas linhas desde 2020 – ao invés de lançar mais produtos, tenta melhorar os que já tem, e investir em peças únicas e exclusivas, que lhe têm garantido prestígio, vendas e receitas recorde ao longo das décadas.Recorde-se que o mercado da alta relojoaria tem estado a crescer, consistentemente, sobretudo após a pandemia, com os mercados asiáticos e norte-americanos a contribuir significativamente para este desempenho. Avaliado em 53,7 mil milhões de dólares em 2024, estima-se que possa chegar aos 59,97 mil milhões de dólares já este ano. Em 2032, este número pode estar acima dos 130 mil milhões de dólares, segundo algumas consultoras. .Preço do ouro e tarifas de Trump tiram brilho à joalharia portuguesa em 2026